Em protesto por moradia estudantil, aluno da Ufes dorme em praça

Thales Bertoni ainda disse que não recebe o auxílio moradia corretamente.
A Ufes informou que o pagamento é feito e que há projeto para moradia.

Um estudante de Matemática Industrial do campus de São Mateus, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), localizado no Norte do estado, está há sete dias vivendo na rua. Sem condições de se sustentar na cidade, Thales Bertoni, de 24 anos, alegou que não recebeu o auxílio moradia em todos os meses acordados e também que o valor não é suficiente para que ele se mantenha. A opção de dormir na rua também é uma forma de protesto pela falta de moradia estudantil no campus, segundo o jovem. Apesar da denúncia do aluno, por nota a Ufes informou que ele está cadastrado no Programa de Assistência Estudantil da Ufes (Proaes) desde maio deste ano e que vem recebendo o benefício regularmente.

O estudante é natural de Ituiutaba, em Minas Gerais, e foi para São Mateus para estudar. Thales foi selecionado para fazer o curso através do sistema de cotas e, pela renda, conseguiu se cadastrar para receber benefícios e se manter na cidade. Mas por conta do baixo valor, o estudante tentou conciliar trabalho e estudos, e não conseguiu.

“Hoje o que recebo é um valor de R$309, que não é suficiente para manter as despesas. Estava trabalhando a noite, mas agora estou desempregado. Por conta do curso durante o dia todo e o trabalho à noite, não conseguia estudar corretamente e reprovei em todas as matérias do período", contou.

Thales morava em uma república na cidade, mas também não estava conseguindo se manter no local. Há sete dias ele está dormindo na Praça Mesquita Neto, localizada no Centro da cidade. “Cheguei em São Mateus há seis meses. Nos primeiros dias recebi a ajuda da universidade e da prefeitura da cidade, mas essa assitência não continuou da forma correta. Estou dormindo na rua também como forma de protesto. Precisamos de moradia estudantil, de auxílios emergenciais”, alegou.

O estudante de biologia da Ufes, Hermegton Rangel Ribeiro, que está acompanhando a história de Thales de perto, concorda que o valor dado pela Universidade é muito baixo. Ele defende a construção de uma moradia estudantil para conter o número de desistências no campus de São Mateus. “Muita gente vem do interior para estudar, mas acaba desistindo porque não consegue se manter na cidade. São vários gastos além da moradia, também temos que comprar comida e pagar transporte público. Essa não é apenas uma luta dele, mas de todos os estudantes que passam pela mesma situação. Não podemos ficar parados, devemos 'voltar para a rua'”, defendeu.

UfesPor nota, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Assistência Estudantil da Ufes (Progepaes) informou que o estudante Thales Bertoni, matriculado no primeiro semestre do curso de Matemática Industrial, está cadastrado no Programa de Assistência Estudantil da Ufes (Proaes) desde maio deste ano, quando teve início o primeiro semestre letivo de 2013. Desde então, segundo a Universidade, ele vem recebendo auxílio moradia regularmente. O benefício referente ao mês de setembro, que pode ser pago até o quinto dia útil do mês seguinte, outubro, já foi encaminhado para pagamento.

Segundo a Progepaes, o estudante também já foi atendido pelo Núcleo de Atenção à Saúde e Assistência Social (Nasas) do Ceunes. Atualmente, 3.100 estudantes são beneficiados. Quanto à oferta de moradia estudantil gratuita, a Progepaes informou que a Ufes tem um projeto neste sentido, mas sua execução depende do aporte de recursos por parte do governo federal, que ainda não se posicionou.

Postado por: Daniela