Estudantes e funcionários do campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de
Franca(SP) entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (3). A decisão foi tomada após assembleias realizadas na última semana na unidade. Os servidores pedem reajuste salarial de 11% junto ao Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) e isonomia de pisos e benefícios com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas(Unicamp). Já os estudantes reivindicam por nova moradia estudantil, investimentos em segurança nos arredores do campus, ampliação de restaurante universitário e aumento da oferta de bolsas de auxílio socioeconômico.
Na manhã desta segunda-feira, poucos estudantes compareceram ao campus e os professores não entraram em sala de aula, segundo o presidente da Associação dos Servidores da Unesp (ASU) de Franca, Carlos Augusto de Carvalho. "O campus de Franca está totalmente paralisado. A maioria dos servidores votou pela greve. A universidade não está funcionando, os setores estão com as portas fechadas e só estamos no campus para cuidar de assuntos emergenciais", afirma.
De acordo com Carvalho, a decisão pela greve foi tomada após ausência de manifestação da reitoria da Universidade para qualquer tipo de negociação com os servidores. O reajuste salarial de 5,39%, proposto pelo Cruesp no último dia 24 de maio, foi rejeitado pelos funcionários. Na próxima quinta-feira (6), os servidores devem se reunir em assembleia para discutir os próximos passos da greve, que por enquanto segue por tempo indeterminado.
"Queremos o reajuste, mas o mais importante é o resgate da isonomia entre as universidades. A Unesp tem hoje os piores salários entre a Unicamp e a USP", diz. Ainda de acordo com Carvalho, o reitor da Unesp, Julio Cezar Durigan, se manifestou nesta segunda-feira marcando uma reunião entre docentes, servidores e estudantes para a próxima quinta-feira (7). "Pode ser um começo de negociações. Provavelmente na segunda-feira (10) faremos uma nova assembleia para deliberar o que foi discutido nessa reunião", afirma.
Os campi de Assis, Bauru, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, São José do Rio Preto e São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba também estão em greve, segundo Carvalho.
Moradia e segurança
O estudante do 4º ano de Direito e membro do movimento estudantil da Unesp de Franca, Rafael Borges, afirma que o movimento grevista vem sendo discutido pelos discentes do campus de Franca há pelo menos um mês. "Fizemos uma avaliação de que as políticas de assistência estudantil, moradia, restaurante universitário e bolsas vêm sendo prejudicadas, principalmente no campus de Franca", afirma.
De acordo com Borges, a principal reivindicação dos estudantes é a construção de uma nova moradia. Os blocos estudantis, segundo ele, ficam a 8 quilômetros do atual campus. "Existe o projeto de implantação da nova moradia, mas isso ainda está indefinido. O local hoje é de difícil acesso aos estudantes", diz.
Além da moradia, os discentes querem mais segurança nos arredores da universidade, com implantação de iluminação e acesso de ônibus circulares dentro do campus. "Recentemente, uma aluna foi estuprada no entorno do campus. É uma área mal iluminada, com terrenos baldios. Queremos exigir mais segurança, com mais iluminação e com os ônibus circulares entrando na universidade", explica.
Pimesp
Tanto servidores quanto estudantes são contra a adesão da universidade ao Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), programa desenvolvido pelo Cruesp que garante 50% das matrículas para alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. "O veto ao Pimesp é uma reivindicação em todas as unidades da Unesp. É um projeto de inclusão que não é qualitativo. Prejudica a qualidade da universidade. Queremos outras políticas de inclusão", afirma Borges.
Os estudantes da Unesp também devem se reunir em assembleia no campus na próxima quinta-feira (6), em horário a ser definido.
Surpresa
Procurado pelo G1, o secretário executivo do Cruesp, Paulo Cesar Montagner, disse estar surpreso com o posicionamento grevista dos servidores da Unesp de Franca. "Essa discussão [de reajuste salarial] ainda está em uma fase de conversas. Houve uma serie de estudos do Fórum das Seis e do Cruesp, representado pelos reitores, e de fato não conseguimos um índice maior que os 5,39%, baseado em estudos e cálculos. É surpresa para nós essa paralisação hoje [segunda-feira]", afirma.
Segundo Montagner, Usp e Unicamp não apresentam posicionamentos semelhantes ao da Unesp no que diz respeito a greve de estudantes e servidores. "Respeitamos a posição da universidade. Nosso reitor [José Tadeu Jorge, presidente do Cruesp] está ouvindo e debatendo assuntos. Sabemos que há uma expectativa da categoria sobre o aumento porposto pelo Cruesp, mas o cruesp se baseia em planilhas", conclui.